Aluna
da rede estadual com Síndrome de Down ensina que nenhum sonho é impossível
“Ela
é a aluna que todo professor gostaria de ter. Tem vontade, participa. Nesses
dois anos sendo professora dela eu aprendi muito, e sei que ainda tenho muito a
aprender”.
Essas palavras são da professora Maria Isabel de Castro dos Santos, que há dois anos leciona para uma estudante mais do que especial no Colégio Estadual Benedicto João Cordeiro, em Curitiba.A jovem é Maryan Pereira Putrique, 18 anos, aluna com Síndrome de Down da instituição. Oriunda de uma família de professores, ela conta que sempre quis seguir a profissão. Quando confidenciou à mãe que queria trabalhar na área, a ideia foi bem recebida.
Essas palavras são da professora Maria Isabel de Castro dos Santos, que há dois anos leciona para uma estudante mais do que especial no Colégio Estadual Benedicto João Cordeiro, em Curitiba.A jovem é Maryan Pereira Putrique, 18 anos, aluna com Síndrome de Down da instituição. Oriunda de uma família de professores, ela conta que sempre quis seguir a profissão. Quando confidenciou à mãe que queria trabalhar na área, a ideia foi bem recebida.
“Na minha família todo mundo é
professor e eu decidi ser também. Falei para a minha mãe ‘eu quero ser
professora; sempre sonhei em trabalhar com crianças especiais’. E ela aceitou”, diz. Para dar início à realização do sonho, o
primeiro passo foi a matrícula no Curso de Formação de Docentes. Hoje, Maryan
está perto de finalizar o segundo de quatro anos de estudos. Ela pretende
cursar Pedagogia depois da formatura.
Pedagoga da instituição, Sandra Eliza
Bianchi não esconde que, apesar de muito feliz, ficou apreensiva quando soube
que a escola receberia uma estudante com Síndrome de Down. A chegada da jovem
ao colégio mexeu com a rotina dos professores, que precisaram repensar e
reorganizar sua forma de ensinar.
“A Maryan é um
desafio pedagógico para nós. Ela é uma aprendizagem para todos da escola, mas
principalmente para o professor. Para mim, é um orgulho imenso tê-la no curso.
Eu falo isso para ela todos os dias”,
afirma.
ADAPTAÇÃO – Sandra explica, por exemplo, que as avaliações são adaptadas
para a jovem. Muitas vezes, por meio de uma conversa mais informal, o professor
consegue trabalhar o conteúdo com a estudante. Em outros momentos, são
utilizadas músicas ou imagens – ela adora desenhar, inclusive.
A pedagoga também destaca que a convivência
com Maryan é enriquecedora não só para os professores, mas para quem está ao
lado da adolescente em sala. Esse ano, por exemplo, os alunos tiveram uma
disciplina voltada à Educação Especial. No caso dos colegas de Maryan, o
caminho percorrido foi o inverso da maioria das turmas: eles aprenderam na
teoria o que já vinham vivenciando na prática desde 2018.
Amiga e companheira de turma de Maryan,
Emilly Martinez, 15 anos, relata que a convivência com a jovem especial vai
agregar muito em sua formação como educadora. Segundo Emilly, a convivência com
Maryan acabou lhe mostrando como é verdadeira a ideia de que “ser diferente é
normal”.
“Ela tem os sentimentos dela,
conversa muito com a gente e vemos o esforço dela em todas as áreas. Ela está
sempre disposta. Lá na frente nós [estudantes do Curso de Formação de docentes]
vamos ver como essa convivência com uma pessoa especial vai fazer a diferença”, opina.
AMIZADES – Maryan, inclusive, refere-se às amigas que fez no
Curso de Formação de Docentes com muito carinho. Segundo a jovem, desde que ela
ingressou no colégio foi muito bem acolhida e a convivência com as colegas é
crucial para o seu processo de aprendizagem.
“Não importa a diferença entre uma
pessoa com e sem síndrome. O que importa é que se tenha amigos. Isso faz parte
da inclusão”, diz.
Uma dessas amigas é Melissa Souza, 16
anos. Ela não sabe se vai continuar na mesma sala de Maryan nos próximos anos,
mas diz que sempre vai levar a colega em seu coração.
“Foi a primeira vez que eu estudei
com uma pessoa especial. A gente vê que ela sente amor por todo mundo, que é
uma pessoa muito boa e tem muito potencial. Todo mundo tem dificuldades na
vida, independentemente de ter ou não Síndrome de Down, e é preciso conviver
com isso da melhor forma possível”,
conta.
Atualmente, Maryan faz estágio na
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). No momento, ela ensaia com
as crianças da Escola de Estimulação e Desenvolvimento (Cedae), ligada ao
órgão, uma adaptação de “João e Maria” que será encenada no fim do mês. Na
peça, ela vai interpretar a madrasta dos protagonistas.
“Trabalhando com crianças
especiais, eu lembro de mim. Eu tinha muitos amigos especiais também, brincava
com eles. Agora, lembro dos amigos que eu tinha. Parece um sonho”.
In: Portal Educação: Governo do
Estado do Paraná: http://www.educacao.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=8719&tit=Aluna-da-rede-estadual-com-Sindrome-de-Down-ensina-que-nenhum-sonho-e-impossivel.
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