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quinta-feira, 30 de maio de 2019

O TRISTE FIM DA LETRA CURSIVA?



N
a alfabetização, a letra de fôrma é ensinada primeira do que a cursiva! É importante entender porque a criança aprende primeiramente a letrinha de fôrma e não a cursiva e não simplesmente ensinar só porque a maioria faz assim e dá certo! Realmente, dá certo, mas há uma explicação do motivo pelo qual essa maneira é a melhor!
A criança está desenvolvendo a motricidade na fase da alfabetização e a letra do tipo bastão é mais fácil para se adequar neste momento. Os rabiscos começam a se endireitar e formar letras.
As letras de fôrma são ideais para esta fase, pois os caracteres são individuais e podem ser escritos um após o outro. Os traços são resumidos a pauzinhos aglomerados uns nos outros. Já as letras cursivas exigem uma agilidade maior, uma vez que, além de outras finalidades, são utilizadas para tornar o registro mais rápido.
O traçado simples das letras de fôrma dão maior liberdade no ato da escrita, ao contrário das “letras de mão” que precisam de uma organização maior. O ato de ligar uma letra a outra também dificulta o processo, pois anula a ação de tirar o lápis do papel e investir as forças na próxima letra, o que ordena um esforço motor maior.
Além disso, antes mesmo de serem alfabetizadas, as crianças já possuem contato com as letras de imprensa em jornais, na televisão, em livros, gibis. Elas não conseguem ler, mas fica na memória visual das mesmas.
Logo, a percepção da letra de fôrma é mais rápida e fácil do que da letra cursiva. No entanto, é importante trabalhar com esta última, assim que o infante se habituar à primeira. Não há problemas se as duas formas coexistirem por um tempo, porque independente da letra o que deve sempre estar em foco é a escrita. Pois mais importante do que a letra que a criança escolhe, é a compreensão da escrita como um ato de comunicação.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras - Equipe Brasil Escola





Não é de hoje que educadores norte-americanos discutem o fim do ensino da escrita cursiva — a nossa chamada “escrita à mão”, treinada exaustivamente nas idades mais tenras em aulas de caligrafia. Recentemente, o estado de Indiana resolveu aboli-la de vez, privilegiando as letras de imprensa e aulas de digitação. Não foi o primeiro: Carolina do Norte e Geórgia compartilham a mesma filosofia.
De fato, num mundo cada vez mais conectado, escrever à mão tem se tornado um exercício raro. No trabalho, tudo é executado com o auxílio de computadores. Na comunicação pessoal, bilhetes e recados deram espaço a SMS, mensagens instantâneas e redes sociais. A telefonia fixa está decadente, enquanto a móvel agrega muito mais do que voz. O celular é o verdadeiro PC, um personal computer de corpo e alma, já que não desgruda de seus donos, fazendo o papel de uma janela para o mundo digital. E o que dizer do e-mail? Prático e quase instantâneo, tornou-se o padrão da comunicação contemporânea.
Alguém aí ainda se lembra do que era escrever uma carta? Na minha pré-adolescência, além de pertencer a grupos “pen pal”, com amigos por todo o mundo, adorava corresponder-me com familiares, uma vez que estes se encontravam espalhados pelo Brasil e Alemanha. Era um ritual: escolhia com esmero os blocos de papéis de carta, comprados em papelarias dedicadas. Sempre guardava uma amostra numa pasta para coleção, e muitas vezes, trocava com amigas. Os envelopes sempre combinavam.
Ir para o exterior não era tão simples como hoje, e quando uma amiga viajava, ficávamos afoitas à espera dos lindos papéis importados. Com canetas, era a mesma coisa. Lembro-me que o must na época eram os papéis e canetas perfumados. Parece que continuo capaz de sentir as fragrâncias!
Sentava-se à escrivaninha e dedicava-se horas ao ofício da escrita, caprichando na caligrafia. E depois ainda tinha o ritual de escolher selos – outro objeto de coleção, desta vez incluindo os meninos – e despachar tudo pessoalmente numa agência dos correios.
E quando chegava uma carta, então? Que festa! Abria com cuidado o envelope pra não estragá-lo (usar vapor de água quente era um bom truque), pois tudo eram cuidadosamente catalogado e guardado em caixas. Elas continuam em meus guardados.
Hoje, a correspondência eletrônica não é festa nenhuma… Abrimos nossa caixa de entrada e já ficamos rabugentos com o volume. Exatamente por serem práticos e velozes milhões de sem-noção nos entopem de baboseiras e propaganda. Juro que adoraria que tivéssemos que pagar por cada e-mail mandado, usando uma espécie de selo virtual. Tenho certeza que o spam desapareceria.
Como entusiasta da tecnologia móvel, compreendo que a educação de nossas crianças deve ser realista, pensando no mundo em que vivemos e no que elas encontrarão quando adultas. Perder tempo desenhando letras parece um absurdo enquanto há tantas novas habilidades necessárias. Contudo, creio que os pedagogos esqueceram que a escrita cursiva é muito mais que uma forma de comunicação e registro. É um exercício cerebral.
Escrever à mão trabalha com nossa coordenação motora fina. Exercita regiões cerebrais que ficaram esquecidas nesta era dos teclados. Por causa da minha especialidade (atendo idosos em clínicas e casas de repouso) participo de muitos simpósios de gerontologia; os estudiosos são unânimes em afirmar que leitura de qualidade e atividades manuais inibem quase todos os tipos de demência na fase senil. Em suma, o cérebro precisa ser constantemente “desafiado”. Marcenaria, pintura, artesanato, bordado, tricô, crochê… curiosamente, atividades cada vez mais negligenciadas. Vamos abandonar a escrita também? Eu, pelo menos, não.
Atualmente uso “Moleskines” – os badalados cadernos “acid-free”, cujas folhas durarão por décadas e até séculos. Pena que na minha época de rabiscadora compulsiva era praticamente impossível conseguir um, por causa das políticas de reserva de mercado. Guardo meus cadernos até hoje, lamentando suas folhas amareladas e frágeis, a um passo de se desmanchar. Quando quero manter meus registros escritos à mão também em meio digital, recorro à “Livescribe”, a melhor conjunção entre tinta, papel e bytes.
Continuarei o exercício de escrever, desenhar e fazer mapas-mentais até o fim dos meus dias. Depois de esvaziar a penosa caixa de “e-mails”, sempre encerro o dia entre meus cadernos e canetas coloridas. Usaria minhas canetas perfumadas, que trato como relíquias, se não tivessem secado.
Por Bia Kunze
In https://tecnoblog.net/71019/o-triste-fim-da-escrita-cursiva/


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