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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA, QUAL É SUA IMPORTÂNCIA?



Editor do Tema: Richard E. Tremblay, PhD, Université de Montréal, Canadá e University College Dublin, Irlanda.
Tradução: B&C Revisão de Textos. Revisão técnica: Fernando Cupertino e Alessandra Schneider, CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde - Brasil


 

Agressões, como chutar, lutar e morder, são uma preocupação importante para as sociedades modernas, uma vez que as consequências físicas, emocionais, cognitivas e sociais de atos violentos são graves, de largo alcance e de longo prazo (1). Uma pesquisa de opinião  sobre percepções a respeito de violência com uma amostra representativa da população canadense mostrou que os respondentes estavam mais preocupados com violência juvenil (32%) e com pobreza familiar (32%) do que com suicídio juvenil (12%), fracasso escolar (11%) e saúde juvenil (8%). A categoria de idade mais frequentemente selecionada pelos respondentes como o período durante o qual os indivíduos recorrem mais à agressão física é o período compreendido entre os 12 e os 17 anos de idade, tanto para meninos (61%) quanto para meninas (69%). Previsivelmente, 50% dos respondentes declararam que os adolescentes de 12 a 17 anos devem ser alvo prioritário de qualquer investimento adicional em programas governamentais de prevenção à violência; um terço (33%) considerou que a prioridade máxima deve ser dada a crianças entre 5 e 11 anos de idade. Apenas 10% consideraram que crianças muito jovens, de zero a 4 anos de idade, devem ter prioridade.  

   Os resultados dessa pesquisa refletem duas convicções centrais a respeito da agressão física. A primeira é que as crianças se tornam mais violentas à medida que crescem. Por extensão,  adolescentes são considerados mais agressivos do que crianças. A segunda é que as crianças aprendem a tornar-se fisicamente agressivas.

No entanto, pesquisas realizadas ao longo da última década questionaram essas duas convicções. 

   O desenvolvimento da agressividade na infância está associado a uma multiplicidade de fatores, tais como práticas parentais inadequadas e baixo status socioeconômico. Além disso, muitos fatores de origem neurológica, fisiológica e genética, que são associados ao desenvolvimento da agressão, podem ser remetidos à primeira infância, e até mesmo a períodos anteriores. Por exemplo, estresse da mãe e uso de tabaco durante a gravidez, e complicações médicas no momento do parto estão associados ao aumento do risco de comportamentos agressivos acima da média. Inúmeros estudos têm demonstrado também que a frequência de agressões físicas decresce da primeira infância até a vida adulta (2). 

   O desenvolvimento da agressividade apresenta um pico entre 2 e 4 anos de idade; ao final da média infância, a maioria das crianças já aprendeu a controlar o uso da agressão física; e as meninas aprendem a utilizar alternativas à agressão física mais rapidamente do que os meninos. Aparentemente, portanto, os dois primeiros anos de vida – do nascimento até os primeiros passos – são o melhor período para aprender alternativas à agressão física.

Referências

  1. World Health Organization. World Report in Violence and Health. Geneve: World Health Organization, 2002.
  2. Tremblay, R.E. Understanding development and prevention of chronic physical aggression: Towards experimental epigenetic studies. Philosophical Transaction of the Royal Society of London, Series B: Biological Sciences 2008; 363 (1503): 2613-2622.

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