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Editor do Tema: Richard E. Tremblay, PhD, Université de Montréal, Canadá e University College Dublin, Irlanda.
Tradução: B&C Revisão de Textos. Revisão técnica: Fernando Cupertino e Alessandra Schneider, CONASS -
Conselho Nacional de Secretários de Saúde - Brasil
Agressões,
como chutar, lutar e morder, são uma preocupação importante para as
sociedades modernas, uma vez que as consequências físicas, emocionais,
cognitivas e sociais de atos violentos são graves, de largo alcance e de
longo prazo (1). Uma pesquisa de opinião
sobre percepções a respeito de violência com uma amostra representativa
da população canadense mostrou que os respondentes estavam mais
preocupados com violência juvenil (32%) e com pobreza familiar (32%) do
que com suicídio juvenil (12%), fracasso escolar (11%) e saúde juvenil
(8%). A categoria de idade mais frequentemente selecionada pelos
respondentes como o período durante o qual os indivíduos recorrem mais à
agressão física é o período compreendido entre os 12 e os 17 anos de
idade, tanto para meninos (61%) quanto para meninas (69%).
Previsivelmente, 50% dos respondentes declararam que os adolescentes de
12 a 17 anos devem ser alvo prioritário de qualquer investimento
adicional em programas governamentais de prevenção à violência; um terço
(33%) considerou que a prioridade máxima deve ser dada a crianças entre
5 e 11 anos de idade. Apenas 10% consideraram que crianças muito
jovens, de zero a 4 anos de idade, devem ter prioridade.
Os resultados dessa pesquisa refletem
duas convicções centrais a respeito da agressão física. A primeira é que
as crianças se tornam mais violentas à medida que crescem. Por
extensão, adolescentes são considerados mais agressivos do que
crianças. A segunda é que as crianças aprendem a tornar-se fisicamente
agressivas.
No entanto, pesquisas realizadas ao
longo da última década questionaram essas duas convicções.
O
desenvolvimento da agressividade na infância está associado a uma
multiplicidade de fatores, tais como práticas parentais inadequadas e
baixo status socioeconômico. Além disso, muitos fatores de origem
neurológica, fisiológica e genética, que são associados ao
desenvolvimento da agressão, podem ser remetidos à primeira infância, e
até mesmo a períodos anteriores. Por exemplo, estresse da mãe e uso de
tabaco durante a gravidez, e complicações médicas no momento do parto
estão associados ao aumento do risco de comportamentos agressivos acima
da média. Inúmeros estudos têm demonstrado também que a frequência de
agressões físicas decresce da primeira infância até a vida adulta (2).
O
desenvolvimento da agressividade apresenta um pico entre 2 e 4 anos de
idade; ao final da média infância, a maioria das crianças já aprendeu a
controlar o uso da agressão física; e as meninas aprendem a utilizar
alternativas à agressão física mais rapidamente do que os meninos.
Aparentemente, portanto, os dois primeiros anos de vida – do nascimento
até os primeiros passos – são o melhor período para aprender
alternativas à agressão física.
Referências
- World Health Organization. World Report in Violence and Health. Geneve: World Health Organization, 2002.
- Tremblay, R.E. Understanding development and prevention of
chronic physical aggression: Towards experimental epigenetic studies.
Philosophical Transaction of the Royal Society of London, Series B:
Biological Sciences 2008; 363 (1503): 2613-2622.
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