A Lei nº 10.639 estabelece a inclusão e obrigatoriedade do ensino da História e Cultura afro-brasileira. Mas como abordar o tema nas escolas?
De acordo com reportagem publicada pelo Jornal da Universidade (UFRGS), ao longo dos séculos, a cultura e a filosofia africana, tão ricas quanto as demais, sofreu apagamentos e distorções em detrimento de outras, que eram consideradas superiores ou melhor desenvolvidas. Porém, é possível notar, nos últimos anos, esforços para o resgate e difusão da cultura e conhecimento de origem africana principalmente no ambiente educacional.
Sendo o Brasil o país com a maior população negra fora da África, segundo informações do Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais da Universidade Federal de Juiz de Fora, esse movimento contribui para resgatar essa ancestralidade dos descendentes de povos africanos.
Ancestralidade e pertencimento
“Estudantes negros e negras se sentem acolhidos, percebem-se contribuidores da história e da sociedade. E isso traz noção de pertencimento e orgulho, principalmente quando evidenciamos histórias de luta e resistência. Estudantes brancos e brancas percebem-se como mais um grupo da sociedade. Isso contribui para o empoderamento dos primeiros e a quebra de um ideal humano para os segundos. Afinal, todos passam a se sentir outros na relação”, detalha.
A inclusão de pautas afirmativas no currículo escolar e a ampliação do debate proporcionam aos alunos reconhecimento de sua identidade, autoaceitação e resgate cultural da sua ancestralidade.
“Esses alunos passam a se perceber, a reconhecer sua negritude como característica estética, histórica e cultural, passando a se aceitar. Principalmente quando trabalhamos evidências positivas e representatividade negativa e quando ensinamos que o problema do racismo é estrutural, institucional e até mesmo cotidiano. Pessoas negras não têm culpa do racismo, mas são as vítimas dessa estrutura”, constata Lavini.
A inclusão de pautas afirmativas no currículo escolar e a ampliação do debate proporcionam aos alunos reconhecimento de sua identidade, autoaceitação e resgate cultural da sua ancestralidade.
Como abordar a cultura afro-brasileira em sala de aula?
Para uma abordagem contínua dos temas em sala de aula, Lavini afirma que é possível ser feita por meio de atividades cotidianas. Aulas dialógicas, análise de textos jornalísticos e de dados estatísticos que apresentem a temática das relações raciais com ápice no mês de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra.
A educadora ainda diz que atividades que levantam discussões ajudam na introdução do assunto e no engajamento dos alunos. O uso de recursos mais visuais (exibição de imagens, filmes e documentários) também é um artefato importante na descolonização do olhar dos estudantes.Como abordar a cultura afro-brasileira em sala de aula?
Para uma abordagem contínua dos temas em sala de aula, Lavini afirma que é possível ser feita por meio de atividades cotidianas. Aulas dialógicas, análise de textos jornalísticos e de dados estatísticos que apresentem a temática das relações raciais com ápice no mês de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra.
A educadora ainda diz que atividades que levantam discussões ajudam na introdução do assunto e no engajamento dos alunos. O uso de recursos mais visuais (exibição de imagens, filmes e documentários) também é um artefato importante na descolonização do olhar dos estudantes.
Confira exemplos elencados pela educadora, a seguir.
• Contação de histórias africanas: trazer histórias e livros para o cotidiano das crianças.
• Aulas dialógicas: levantar discussões sobre as questões raciais históricas e contemporâneas.
“Apresento imagens de cidades para meus
alunos e peço para que olhem os detalhes, os cenários, e digam em qual
continente elas ficam. A maioria responde que é na Europa. E quando vem à
tona que todas as cidades apresentadas no cartão postal são do
continente africano, eles ficam surpresos. E aí eu começo uma discussão
sobre o porquê de termos uma visão tão estereotipada e negativa sobre o
continente africano”, exemplifica Lavini.
• Análise de gráficos e textos jornalísticos: é possível, por exemplo, analisar temas relativos à situação da população negra (questões sociais, educacionais etc.).
• Análise de discurso: textos que apresentam a temática histórica e cultural africana ou afro-brasileira.
“Uso o material de História Geral da
África (HGA) da Unesco procurando inserir o conhecimento histórico e
cultural dos povos africanos na discussão em sala de aula. E
incentivando os estudantes a enxergarem pelos olhos da cultura da qual
aprendemos.”
• Discussão sobre identidade nacional: promover debates que não apresentem os elementos sociais negros e indígenas de forma romântica, exótica e estereotipada. O objetivo é mostrar que a identidade brasileira é plural.
Ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira: a Lei nº 10.639 na prática
Fonte:Fundação Telefônica em 16/11/2021
https://fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/cultura-afro-brasileira-como-trabalhar-em-sala-de-aula/
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