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oledade (RS) é cidade da
região norte gaúcha, a aproximadamente 200 quilômetros da capital Porto Alegre.
Com vastas áreas rurais e uma topografia rica em pedras preciosas, o pequeno
município é também rico em lendas regionais, que preservam a cultura local da
cidade centenária.
Leia +: UniverCidade
Educadora, em Passo Fundo (RS), dissemina integração entre conhecimento e
território
Soledade
é também a primeira cidade da região norte gaúcha, e a 16ª brasileira, a entrar
para a lista internacional de Cidades Educadoras da AICE (Associação
Internacional de Cidades Educadoras). Com o compromisso firmado, o município se
propõe a reconhecer e promover seu papel educador na formação integral de seus
moradores.
Crianças visitam museu em passeios interdisciplinares / Crédito: Prefeitura de Soledade |
Ádria
Brum de Azambuja, secretária de educação do município e uma das participantes
mais ativas no processo de candidatura à lista, comentou o feito: “Estamos
contentes e sabemos que é uma imensa responsabilidade a que Soledade assume
perante seu contexto municipal e regional. Em uma época de tantos processos de
desconstrução de políticas, em que o interior é sempre visto como lugar de
mazelas, temos que nos manter eticamente fortalecidos. Que o conhecimento não
nos endureça e nos humanize”.
Laura
Alfonso, diretora da AICE, complementa: “Soledade é uma cidade que tem
compromisso e projetos que pensam no fortalecimento e no aprofundamento do
discurso de direitos humanos. A cidade é muito bem-vinda na AICE e tem muito a
ensinar e aprender com as outras cidades também”.
Políticas públicas para uma cidade que educa
Foi
entre 2013 e 2014, com a formação de uma gestão municipal mais participativa,
que as primeiras práticas para uma cidade educadora pululam. Na área de
educação, a formação continuada dos educadores do município convidou-os a
pensar o que queriam para suas escolas, bairro e cidade.
“O processo de formação continuada tem sido feito de
forma muito consistente e reflexiva, o que permitiu ampliar o olhar para além
da sala de aula, direcionando-o para as potencialidades territoriais da cidade,
como também acolher esse novo interagir entre escola e comunidade”.
O
momento de fermentação pedagógica contou com o apoio pedagógico e operacional
da Universidade de Passo Fundo (RS). Junto à Faculdade de Educação e a partir
da demanda do município, a universidade comunitária ministrou as oficinas com
munícipes.
O
processo se fortaleceu ainda mais com a criação do programa UniverCidade
Educadora, que usa os cursos de extensão como costura entre o conhecimento
tecido dentro da universidade e a comunidade que a circula. Em adição a área de
educação, o programa também inspirou Soledade a pensar em cultura e mobilidade
urbana.
“O processo de formação criou
interrogações entre os educadores, gestores e outros segmentos da comunidade.
As pessoas começaram a se perguntar: “Nós fazemos o que com e na cidade?” , relembra Eliara Levinski,
coordenadora do programa UniverCidade Educadora. “Os encontros ajudaram as
pessoas a se sentir mais corresponsáveis no campo da cultura, da educação e do
desenvolvimento econômico e social do município”.
Práticas intersetoriais e foco no território
O
resultado dos encontros sistêmicos e formação ao longo dos anos – alguns
apoiados financeiramente pela própria gestão de Soledade, que subsidiou metade
das mensalidades para que educadores pudessem participar de um curso de
pós-graduação, – fomentou práticas intersetoriais na cidade.
Na
área de educação, Ádria explica: “Temos trabalhado fortemente para que
professores e estudantes e a própria comunidade façam um trabalho de
reconhecimento e se sintam pertencentes a aquele local, influenciando sua forma
de estar”.
A
intersetorialidade é determinante “no reconhecimento dos estudantes de si próprios e na
ampliação da percepção cultural do próprio sujeito”, como
complementa a secretária. Alunos das escolas têm visitado museus, mas também
pesquisado e legitimado saberes locais de suas próprias comunidades,
trabalhando costumes da área rural e lendas regionais.
“Não podemos, entretanto, ficar ensimesmados. É
preciso saber de onde viemos, o que nos constitui e depois abrir as janelas e
frestas, enxergar e abraçar outras culturas no sentido do conhecimento e
valorização”,
arrebata Ádria.
A universidade educadora e seu papel na cidade
Para
Eliara, o reconhecimento de Soledade enquanto Cidade Educadora é uma importante
legitimação do que acontece quando a universidade trabalha com a sua região: “Historicamente a
universidade se enclausura, mas a UPS tem no seu processo essa
corresponsabilização com sua cidade e região. Sua identidade pedagógica tem
essa história de inserção regional e a extensão universitária é a potência de
nos tornar cada mais comprometidos com os territórios”.
A
secretaria de educação também endossa que não é possível fazer uma Cidade
Educadora se todos os seus atores não estiverem comprometidos e dispostos a
trabalhar em rede: “Vejo a perspectiva de uma cidade educadora associada
à universidade educadora, possibilitando uma retroalimentação dessas peças”.
Para
Marcio Tascheto, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Passo
Fundo e ex-coordenador do programa UniverCidade Educadora, a chancela de Cidade
Educadora à Soledade pode impulsionar outros territórios próximos, com os quais
a universidade também troca conhecimentos, a também se tornarem educativos.
“É
um efeito dominó. Marau (RS) também está fazendo candidatura, então talvez em
dois anos, possamos ter quatro ou cinco cidades, uma rede territorial e uma
forma de pensar a universidade como uma grande parceira em pactuar outra forma
de ver a cidade”.
22/03/2019
CIDADE EDUCADORA - ESCOLA - POLÍTICAS PÚBLICAS
Texto de Cecília
Garcia
Fonte: https://portal.aprendiz.uol.com.br/2019/03/22/soledade-rs-se-torna-cidade-educadora-com-parceria-entre-universidade-e-territorio/
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